Marília Pontes Esposito (USP) é uma das convidadas para a Sessão Especial da 38a Reunião Nacional que debaterá "Movimentos sociais e ações coletivas: o contexto latino-americano de lutas e resistências direitos, identidades, transformações societárias". Confira entrevista com a professora e pesquisadora.
Qual sua expectativa para a sessão especial a 38a Reunião Nacional da ANPEd?
Creio que será uma excelente oportunidade para ouvir pesquisadores envolvidos com o tema das lutas e conflitos sociais a partir de diferentes lugares de pertencimento permitindo, certamente, a abertura para novas questões. A importância da sessão especial nesta conjuntura é evidente, sobretudo se considerarmos os desafios que se apresentam para a produção de novos conhecimentos em momentos adversos, tanto para os protagonistas das lutas e movimentos como para os pesquisadores vinculados à Universidade.
Que tipo de reflexão pretende levar para a sessão especial "Movimentos sociais e ações coletivas: o contexto latino-americano de lutas e resistências, direitos, identidades, transformações societárias"?
Pretendo levantar algumas indagações que permitam ampliar nossos olhares para a pesquisa, ressaltando a importância da realização de investigações capazes de oferecer novas análises que evitem a reiteração do que já é conhecido ou a simplificação de processos sociais complexos. A conexão entre os estudos de juventude e as ações coletivas também poderá ser tratada na medida em que considerarmos os jovens como pontas de iceberg que exprimem os impasses e as possibilidades dos movimentos ou das redes conflitivas na construção da democracia.
De que forma você percebe a urgência de se debater essa questão frente à temática geral da 38a Reunião Nacional - "Democracia em risco: a pesquisa e a pós-graduação em contexto de resistência"?
Reiterando as análises de Pablo Ortellado, professor da USP, diante da evidência de uma dupla crise – do sistema político e da sociedade civil – os modos de debate para o enfrentamento dessas questões envolvem tanto a analise das políticas públicas e do Estado brasileiro como os dilemas que afetam a organização e capacidade de ação da sociedade civil. Mas é preciso ressaltar que o nosso ponto de ancoragem no interior da ANPEd é a condição de pesquisadores que defendem a produção de conhecimentos e o ensino de pós-graduação como elementos imprescindíveis para a construção da democracia, para o combate às desigualdades, aliados ao reconhecimento do necessário pluralismo dos atores e das formas de conflito social.