A Sessão Especial "Ética, diferença e justiça social: perspectivas na pesquisa educacional" (dia 5 de outubro, na 38a Reunião Nacional da ANPEd) contará com a presença de Marcus Vinícius Fonseca (UFOP), além de Rosana Heringer (UFRJ) e André de Macedo Duarte (UFPR). Em entrevista, o professor da UFOP fala de que forma a temática do encontro se vincula às suas pesquisas atuais, sobre os processos de educação vinculados à população negra no Brasil.
Qual sua expectativa para a 38a Reunião Nacional da ANPEd?
Penso que nosso país vive um momento delicado em que há um rápido processo de deterioração de princípios e valores caros à sociedade brasileira, entre eles a democracia. Acho muito oportuno que a ANPEd tenha colocado o tema no centro de sua Reunião, pois é necessário refletir sobre o tema e também elaborar formas de resistência para o enfrentamento desta situação.
Que tipo de reflexão pretende levar para a sessão especial "Ética, diferença e justiça social: perspectivas na pesquisa educacional"?
Tenho privilegiado em minhas pesquisas os processos de educação vinculados à população negra no Brasil, sobretudo do ponto de vista histórico. Pretendo tomar o processo de emergência deste tema na história da educação para apresentar a importância dos negros como um dos sujeitos sociais que atuaram na defesa e na construção de uma educação pautada pela diversidade, como um princípio básico para a sociedade brasileira. Com isso pretendo destacar as contribuições da história da educação para afirmação do direito à diferença.
De que forma você percebe a urgência de se debater essa questão frente à temática geral da 38a Reunião Nacional - "Democracia em risco: a pesquisa e a pós-graduação em contexto de resistência"?
Nas últimas décadas a sociedade brasileira se movimentou em direção a um processo de reconhecimento e valorização de diferentes segmentos sociais, dentre eles à população negra. Isso se constitui como elemento fundamental para a qualificação e a efetividade de nossa democracia enquanto instrumento de encaminhamento dos debates relativos à nossa vida pública. Colocar a democracia em questão implica necessariamente na fragilização do espaço representado pela política, sobretudo em relação aos segmentos sociais mais fragilizados. Entre estes, destaca-se a população negra que depende da existência de um espaço público aberto para atuar em defesa de políticas sociais que promovam a igualdade. Com isso, penso que a reflexão e a produção de conhecimento tem que valorizar e destacar estes segmentos sociais enquanto elemento fundante do processo de estruturação da própria democracia.