Entrevista com Janete Magalhães Carvalho (UFES) | Sessão Especial "Ética na Pesquisa em Ciências Humanas: polêmicas, constituição e finalidades" | 38a Reunião Nacional da ANPEd

A 38a Reunião Nacional da ANPEd contará com Sessão Especial que debaterá a "Ética na Pesquisa em Ciências Humanas: polêmicas, constituição e finalidades". A atividade acontecerá no dia 04 de outubro na UFMA, em São Luís do Maranhão. Dentre os convidados para esta mesa está a pesquisadora Janete Magalhães Carvalho. Confira entrevista com a professora da UFES:

Qual a sua expectativa para a 38ª Reunião Nacional da ANPEd?

Constatar que a 38ª Reunião Nacional da ANPEd continua inserida em todo um esforço coletivo, envolvendo participação de múltiplos agentes sociais que, direta ou indiretamente, contribuem para a melhoria das condições de vida de pessoas e populações por meio do desenvolvimento de conhecimentos, formação de pesquisadores, assim como das práticas discursivas concernentes ao campo da pesquisa científica e da pós-graduação em educação no Brasil. Enfim, esperamos que a 38ª RN da ANPEd potencialize, para além das especificidades que compõem a área, a emergência de redes coletivas de produção científica ético-política, visto que a ética se faz política a partir da intensidade das escolhas voltadas para a vida e para o coletivo.

Que tipo de reflexão pretende levar para a sessão especial “Ética na pesquisa em ciências humanas: polêmicas, constituição e finalidades”?

O arranjo político é uma arte, visto que precisa ser continuamente reinventado, e essa arte da reinvenção necessita ser visualizada nos entremeios do documento de referência ética para a pesquisa em ciências humanas, em especial, na constituição de um referencial ético para a pesquisa em educação, dando corpo aos seus mecanismos específicos e constitutivos de práticas ético-políticas e um referencial ético para a educação. Assim, buscamos um deslocamento das questões técnico-normativas para a dimensão ético-política como proposta para a construção de um referencial no qual a ética não se funcionalize, tornando-se mera aplicação de procedimentos e instrumentos, mas se efetive em conexão com a vida.

De que forma você percebe a urgência de se debater essa questão frente à temática geral da 38ª RN da ANPEd “Democracia em risco: a pesquisa e a pós-graduação em contexto de resistência”?

A ANPEd, como entidade acadêmico-científica, necessita, em relações horizontalmente democráticas, estabelecer conexões e/ou modos de associação que possibilitem o compartilhamento de ideias e experiências agenciando a potência máxima de realização, considerando a necessária superação dos fatores que induzem à passividade ou potência mínima. Desse modo, estimular uma postura ético-política que enfoque não o consenso, ou seja, adesão a uma posição metafísica universal meramente normativa, mas que procure, na e pelas relações e/ou encontros, a potência de desejo coletivo de criação de conhecimentos e práticas sintonizadas com o plano de imanência das lutas em defesa de uma educação pública de qualidade.