Sessões desta terça (3) na 38ª ANPEd discutiram financiamento, reformas, inclusão, ação política e EJA

reportagem: João Marcos Veiga, com contribuição

dos monitores Alessandro Borges e Paula de Oliveira

 

A 38ª Reunião Nacional da ANPEd recebeu nesta terça (3) mesas com importantes pesquisadores do Brasil e América Latina em debates centrais para a compreensão de desafios para a Educação.

foto: Paula de Oliveira

Exemplo disso foi a Sessão Conversa "Política de Pós-Graduação e Financiamento da Pesquisa", que teve a presença da presidente da ANPEd, Andrea Gouveia (UFPR), José Gondra (UERJ), Danilo Streck (Unisinos), coordenador do CA-Ed/CNPq, e Romualdo Portela (USP), coordenador da área de educação na Capes. Em sua fala, a presidente da Associação falou sobre a importância da defesa do fomento à pesquisa, trazendo dados da queda de investimento na CAPES (-18%) e CNPq (-35%) após 2014. "E isso tende a piorar dramaticamente com a EC 95. A gente discute muito as regras de avaliação, mas não as de financiamento", afirmou Gouveia. Para a coordenadora da mesa, Dalila Andrade (UFMG), com a conjuntura atual de cortes na Educação em geral, mas sobretudo na pesquisa e bolsas fomentadas pelo CNPq e Capes. "Esse é um tema de suma importância, pois tem a ver com a própria essência da constituição da ANPEd. Sem financiamento a gente não faz pesquisa, que é a razão de ser da pós-graduação", analisa Andrade. Para Helena Albuquerque, da prefeitura de Recife, o debate proporcionou um panorama amplo do tema. "A educação não pode parar. Agora é passar da reflexão à ação." Paulo Rogério, professor aposentado e pesquisador do núcleo de História da Educação da UERJ, também estava na plateia e reflete sobre o que ouviu ali: "Eles trouxeram questões para buscarmos a quebra de hierarquias e fazer da educação uma área estratégica". Sessão Especial do FORPREd, que reuniu Joviles Vitório Trevisol (UFFS, José Marcelino de Rezende Pinto (USP) e João Ferreira de Oliveira (UFG), igualmente discutiu nesta terça o financiamento e avaliação da área de educação.

"Os sentidos da ação política e o impacto nos projetos nacionais de educação" foi o tema de mesa com Dermeval Saviani (Unicamp), Lílian do Valle (UERJ) e Alícia Civera Cerecedo (DIE-México), com coordenação de Claudia Alves. Saviani avaliou que avanços parciais do PNE se neutralizaram pelo governo golpista. "A palavra de ordem é resistir e restituir o estado democrático." Alícia trouxe importante análise sobre o desaparecimento de 43 estudantes mexicanos em 2014 de uma comunidade rural, que expõe fraturas sociais e violência do estado. "Expõe a falta de empregos para os mais jovens, a falta de oportunidades para comunidades rurais e indígenas, o grande vínculo entre governos de direita e esquerda com o narcotráfico, assassinatos e desaparecimentos cotidianos, como de jovens, jornalistas e ativistas políticos."

Em mesa sobre Formação de Professores, Helena de Freitas, Selma Garrido Pimenta (USP) e Antonio Miguel (Unicamp) fizeram um balanço sobre os vínculos entre projetos diversos do atual governo que mostram um modelo a ser retomado no país. "Em minha fala eu foquei a reforma do Ensino Médio porque eu acho que ali está o alicerce que sustenta todas essas reformas, que é o neoliberalismo meritocrático", disse Antonio Miguel em entrevista à comunicação da ANPEd. 

Outras duas atividades disputadas foram as Sessões Conversa de "Reforma do Ensino no contexto da perda de direitos" - que reuniu Eliane Ribeiro Andrade (Unirio), Mônica Ribeiro da Silva (UFPR) Dirce Dijanira Pacheco (Unicamp) e Nora Rut Krawczyk (Unicamp), com coordenação de Míriam Fábia (UFG) -, a de "10 anos de política de inclusão no Brasil - com Mariza Wall  (UFMA), Geandra Cláudia (UECE), Marcia Denise Pletsch (UFRRJ) - e "Contexto nacional e as exigências para a pesquisa em educação" (Educação Popular e Pessoas Jovens e Adultos) - com a presença de Conceição Paludo (UFRGS), Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (UFSCar) e Maria Rita de Assis César (UFPR).